:18:01
E o próximo senhor?
:18:04
Bem... eu não sei.
:18:06
Eu comecei por estar convencido
logo no início do processo.
:18:11
Percebem, eu estava à
procura de um motivo.
:18:14
É muito importante, porque, se não
houver motivo, não há caso, certo?
:18:19
Ora, o testemunho das pessoas do outro
lado do patamar da casa do rapaz,
:18:25
foi muito elucidativo. Não mencionaram
uma briga, uma discussão,
:18:30
entre o velho e o filho cerca
das sete horas da tarde desse dia?
:18:34
- Posso estar enganado, mas...
- Eram 8 da tarde e não 7.
:18:38
Eles ouviram uma discussão. E depois
ouviram o pai bater duas vezes no rapaz.
:18:43
Finalmente viram o rapaz a fugir
de casa, zangado. O que prova isto?
:18:47
Não prova nada, propriamente.
Faz apenas parte do quadro.
:18:50
Você disse que constituía um motivo.
E a acusação também achou.
:18:54
Isso não é um motivo muito forte.
:18:56
O rapaz foi agredido tantas vezes
que a violência é praticamente...
:19:00
o estado normal das coisas para ele.
:19:02
Não consigo ver que dois estalos na
cara o provocassem a ponto de matar.
:19:06
Pode ter sido a gota de água.
Toda a gente tem os seus limites.
:19:12
Mais alguma coisa?
:19:14
- Não.
- Muito bem. E você?
:19:20
Não sei. Já foi dito tudo.
:19:23
Podemos estar aqui a falar
para sempre. Não muda nada.
:19:27
Este miúdo é um delinquente.
Olhem para o cadastro dele.
:19:31
Com 10 anos esteve no tribunal de
menores: atirou uma pedra a uma professor.
:19:36
Aos 15 esteve num reformatório:
roubo de carro.
:19:40
Foi preso por agressão. Foi apanhado
duas vezes por lutas com facas.
:19:44
Dizem que ele é hábil com as facas.
Oh, trata-se um belo rapaz.
:19:49
Desde os 5 anos que o pai lhe
batia regularmente. A soco.
:19:53
Eu também o faria.
Com um miúdo assim?
:19:56
São estes miúdos - ou
o modo como eles são hoje.