:03:02
- Queria lançar o meu papagaio.
- Por que pensaste isso?
:03:06
Por o céu estar tão branco.
Por que não estás tu na escola?
:03:10
Desisti. Começaram a dar Álgebra. Não
me interessava o valor de X, e desisti.
:03:16
Não vais conseguir estudos
a andar na linha do comboio.
:03:20
Nem tu a lançar um papagaio.
:03:22
Uma rapariga só precisa
de se saber comportar em sociedade.
:03:27
Aprendi com a Alva. Era muito popular
entre os homens dos caminhos-de-ferro.
:03:32
- Os engenheiros maquinistas?
- Engenheiros?!
:03:35
Engenheiros, foguistas, maquinistas,
cobradores e até superintendentes,
:03:40
todos andavam atrás da Alva.
:03:43
Acho que se pode dizer
que ela era a atracção principal.
:03:48
Bonita? Caramba!
:03:54
Estás a ver aquela casa além?
:03:57
- Divertíamo-nos muito lá.
- Aposto que sim.
:04:01
Instrumentos sempre a tocar,
piano, vitrola, guitarra havaiana...
:04:08
Todos tocavam alguma coisa.
Mas agora está muito silenciosa.
:04:13
- Está vazia?
- Só lá vivo eu.
:04:15
Colocaram um grande cartaz:
"Esta propriedade está interditada."
:04:21
- Ainda vives lá?
- Não devia viver, mas vivo.
:04:26
A casa está interditada,
mas não tem qualquer problema.
:04:30
Apareceu uma senhora da Segurança
Social, ontem. Reconheci-a pelo chapéu.
:04:36
Era mesmo uma casa animada.
Nem imaginas.
:04:41
Mas agora está vazia.
:04:44
- Vês estas roupas?
- Sim.
:04:47
São da Alva. Herdei-as dela.
Tudo o que era da Alva agora é meu.
:04:53
Ela andava sempre a cantar pela casa.
Esta era a canção preferida dela.
:04:58
Deseja-me um arco-íris
Deseja-me uma estrela