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os meus e os do meu mundo.
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Você me tirou da ordem
natural das coisas.
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E, enquanto você estava perto,
eu não tinha percebido.
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Agora entendo que
você vai embora.
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E perder você me conscientizou
da minha diferença.
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O que será de mim?
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O futuro será como viver
perto de um outro "eu"...
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que não tem nada
a ver comigo.
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Devo chegar ao fundo
dessa diferença...
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que você me revelou...
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e que é a minha íntima
e angustiante natureza?
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Mas, se não quero...
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tudo isso não vai me colocar
contra tudo e contra todos?
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Agora percebo
que nunca tive...
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interesse real por nada.
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Não falo de grandes
interesses...
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mas, dos pequenos, como o
do meu marido pela fábrica...
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do meu filho pelos estudos,
de Odetta pela família...
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Eu? Nada.
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Não entendo como consegui
viver nesse vazio. E vivi.
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Se havia alguma coisa...
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um pouco de amor
instintivo pela vida...
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era estéril, como um jardim
onde ninguém passa.
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Na verdade, esse vazio continha
valores falsos e mesquinhos...
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de um acúmulo horrível
de idéias erradas.