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- Lá está ele.
- O quê?
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O avião do Orr!
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Ele saberá como regressar.
Sabe sempre.
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Há-de aparecer. Esgueira-se para a
base com aquele sorriso desdentado.
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Aarfy, se me acontecer algo,
velas pela minha miúda?
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- Escuta-o só, a miúda dele!
- Não te apoquentes.
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Não te acontecerá nada
que não aconteça também a nós.
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- É só mais um minuto.
- Não é nada. Dizes sempre isso,
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e depois metes mais uma coisita
nessa obra-prima de sucata.
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- Então, acho que não o viste.
- Achas que não vi o quê?
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Um vedante quadrado, deste tamanho.
Viste-o?
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- Tenho de recomeçar tudo.
- Não faças isso, por favor.
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- Porquê?
- Dá-me uma angústia tremenda.
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- Porquê?
- Porquê, o quê?
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Porque não voas comigo?
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Que tem isso a ver com a angústia
que tu e os teus parafusos me causam?
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Tem tudo a ver com isso.
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Pretendes dizer-me algo?
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Apenas que, se fosses esperto,
voarias comigo.
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- Deste cabo de três aviões.
- Quatro. Sou bom piloto.
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- Não quero ir parar ao mar.
- Haverias de me agradecer.
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- Por me fazeres afogar?
- Por acabar este aquecedor.
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O Inverno está a chegar.
Terás aquecimento, água quente...
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Poderás cozer ovos e tudo.
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- Eu? E onde estarás tu?
- Não sei. Aqui e ali.