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Tínhamos cinco crianças no sítio onde
estive esta manhã.
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E foste lá e despejaste-as?
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- Ficaram cá fora no chão.
- E isso porquê?
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Porque não pagaram a renda.
Julgas que gosto disto?
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Tenho outras coisas para fazer.
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- Já fazes isso a bastante tempo.
- É um trabalho.
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- Que posso dizer?
- É um trabalho.
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Alguém tem de o fazer.
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Tenho pena das pessoas que têm crianças.
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Será que elas também irão crescer?
O que as espera no futuro?
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- Se fosse um jovem, continuaria a trabalhar.
- Olha lá para fora. Não há nada.
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- Têm um futuro de desolação.
- Eu sei. Eu trabalhei ali durante 17 anos
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- Eu despedi-me. Trabalhei lá.
- Porque fizeste isso?
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Cansei-me do sistema.
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Era como uma prisão para mim,
por isso despedi-me.
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Era como uma prisão?
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Aquela fábrica mexia
com a nossa cabeça.
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- Onde vais ficar?
- Esta noite devo ficar na casa do meu irmão.
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A coisa é assim, não quero ficar
na casa de ninguém.
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Quero uma hipótese de ter
algo de meu...
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o que não parece que
alguma vez vá acontecer.
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Pelo menos não nesta cidade.
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Estes são tempos difíceis.
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Mesmo terríveis. Já fui expulso
da minha casa uma vez.
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O inspector de saúde veio cá...
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não tinha condições
sanitárias para ter coelhos.
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Por isso agora tenho
que construir um edifício...
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que tenha paredes e chão
facilmente laváveis...
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e candeeiros inquebráveis.
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Tenho que ter uma
balança calibrada...
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e tinha que ter três pias
onde
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- O que é que lhe vai acontecer?
- Vai ser comido.
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Vai ser o nosso jantar a mesa.
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O que é que se passa?
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Porque é que estão para ai a chorar?