Cyrano de Bergerac
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:35:03
- Não sois gulosa?
- A ponto de ficar doente.

:35:05
Bom, eis aqui dois sonetos
do senhor Benserade...

:35:08
que vou encher de bolinhos.
:35:10
E dos bolos que se chamam
pastéis, gostais?

:35:14
- Gostais dos bolos frescos?
- Sou louca por eles.

:35:16
Agora, podeis ir comer tudo isto
para a rua.

:35:20
E não volteis
antes de comer todos!

:35:34
Este momento é um momento
bendito.

:35:39
Por vezes, vós esqueceis
que eu existo e respiro...

:35:44
Mas que há, hoje, de importante?
Que vindes dizer-me?

:35:49
Antes de mais, obrigada...
:35:51
Porquê?
:35:53
Esse visconde,
esse pretencioso

:35:56
que, num valente duelo,
ontem o vencestes.

:35:59
É ele quem um grande senhor...
apaixonado por mim...

:36:01
De Guiche?
:36:02
... procurava impor-me
como marido...

:36:04
Fingido? Eu bati-me de facto
em duelo, prima,

:36:08
e tanto melhor se foi
não pelo meu vil nariz,

:36:11
mas antes pelos vossos
belos olhos.

:36:14
Depois eu queria...
:36:22
Mas para a confissão
que venho fazer,

:36:25
é necessário que reconheça
em vós o quase irmão

:36:28
com quem eu brincava,
:36:30
no parque, perto do lago!...
:36:34
Sim... sempre, pelo Verão,
vós íeis a Bergerac!

:36:37
Roxane, em saias curtas,
chamava-se Magdeleine.

:36:39
Eu era linda, nessa altura?
:36:41
Não éreis feia.
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Por vezes, caindo de uma árvore
e com a mão em sangue,

:36:45
vós corríeis para mim,
brincando às mamãs,

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e eu dizia com uma voz que
me esforçava que fosse dura:

:36:49
“O que é mais este arranhão?”
:36:51
É muito grande!
E esta?

:36:54
Não! Tendes de a mostrar!
:36:58
O quê? Com a vossa idade!

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