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Metes-me medo!
Os teus olhos brilham...
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- Queres?
- O quê?
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Dar-te-ia tanto prazer?
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Isso divertir-me-ia!
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É uma experiência
para um poeta.
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Queres completar-me e deixar
que eu te complete a ti?
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Tu avançarás, eu irei
na sombra a teu lado.
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Serei o teu espírito,
serás a minha beleza.
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Mas a carta que é preciso,
hoje, enviar-lhe!
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- Nunca eu poderei...
- Ei-la, a tua carta!
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Excepto a assinatura,
não lhe falta mais nada.
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Podes enviar-lha. Fica tranquilo.
Está bem escrita.
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Toma. Nós sempre trazemos
nos bolsos
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algumas cartas de amor...
filhas da nossa imaginação.
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Toma, verás. Toma-a!
Sou muito eloquente.
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- Servirá para Roxane?
- Ir-lhe-á como uma luva!
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A crença do amor-próprio
é tanta,
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que Roxane julgará
que foi escrito para ela.
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Meu amigo!
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Então?
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É muito, muito
surpreendente...
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Podemos agora falar
do teu nariz?
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Esta carta de amor
que na minha cabeça fiz
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e refiz cem vezes,
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até ficar como está,
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e que pondo a minha alma
ao lado da folha...
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só tenho de a recopiar...
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Estou nas suas mãos,
este papel é a minha voz.
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Esta tinta, é o meu sangue,
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esta carta, sou eu...