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- É talvez um louco!
- E não caí metaforicamente!...
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Há cem anos,
ou então um minuto,
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ignoro completamente quanto
tempo durou a minha queda!
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Estava naquela bola
de cor de açafrão!
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Que continente é este?
Onde estou?
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Sêde franco!
Não me oculteis nada!
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Meu Deus!...
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Creio perceber que neste país
tendes o rosto totalmente negro!
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Como?
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- Estarei na Argélia? Sois indígena?
- É uma máscara!
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- Estou em Veneza, ou em Génova!
- Uma senhora está à minha espera!
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- Estou, então, em Paris!
- O cómico é mesmo cómico!
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- Estais a rir?
- Rio, mas quero passar!
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Foi em Paris que caí!
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Chego - desculpai-me -
com o último furacão.
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Estou um pouco coberto
de éter. Viajei.
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Tenho os olhos cheios de pó
dos astros.
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Trago ainda nas esporas
alguns pêlos de planetas!
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Vêde, no meu gibão,
um cabelo de cometa!...
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Ao passar pelo Tridente,
evitei as suas três lanças,
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e fui cair sentado
nas balanças...
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cujo fiel, neste momento,
lá em cima, marca o meu peso!
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Enviado do inferno!
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Do céu! Como podeis duvidar
de mim?
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Mas eu conto escrever tudo isto
num livro.
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E as estrelas de ouro
que trago no meu manto!
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- Ei-lo!
- Meu Deus!
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Despachai-vos, padre!
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E por que razão teríamos
de apressar uma oração?
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Santa Virgo Maria,
Stella purissima,
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Alma mater Dei,
Virgo santissima...
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Chega! Basta!
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Retirai isso
para me escutardes!
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- A minha máscara!
- Não há mais máscara!
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Tendes de saber
como é feita a Lua
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e se alguém habita na rotundidade
dessa cucúrbita.
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Não!
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Tendes de saber como subi
até ela!
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Foi através de um meio
que inventei.
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- Adivinhastes?
- É um louco!
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A maré!