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e é pensando assim
que morrerei na fogueira.
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Foste sempre um herege obstinado
no ultraje à beleza.
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Uma mulher concebeu-me,
e eu agradeço-lhe.
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Criou-me, e de igual modo
lhe fico humildemente reconhecido.
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Mas pendurar a minha corneta
num boldrié invisível,
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as mulheres que me desculpem.
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Continuarei solteiro.
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Antes de morrer,
ainda te verei pálido de amor.
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De ira, de doença ou de fome,
meu senhor, mas não de amor.
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Aguardemos.
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"Com o tempo,
o touro bravo aceita o jugo."
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Se o sensato Benedick o aceitar,
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tirai os cornos ao touro,
colocai-os na minha testa
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e mandai pintar o meu retrato.
Em vez de "Bom cavalo para alugar",
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escrevei antes
"Benedick, o homem casado."
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Benedick,
segue para casa de Leonato
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e diz-lhe que não faltarei à ceia.
Ele fez grandes preparativos.
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Examina a tua consciência.
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Despeço-me.
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Leonato tem algum filho varão?
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Apenas Hero. É a única herdeira dele.
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Estás apaixonado por ela?
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Meu senhor, quando partistes
para esta guerra, agora terminada,
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já eu a contemplara,
mas com olhos de soldado,
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pois tinha tarefa mais árdua em mãos
do que pensar no amor.
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Mas agora regressei
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e os pensamentos guerreiros
partiram e deixaram um lugar vazio,
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agora ocupado
por doces e sedutores desejos
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que me mostram
como a jovem Hero é bela
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e me dizem...
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... que eu a amava
antes de partir para a guerra.
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Eis-te um apaixonado que irá cansar
o ouvinte com um mar de palavras.
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Se amas a bela Hero, porfia.