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- Ela caiu numa latrina!
- Senhor, acalmai-vos.
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Estou tão espantado
que não sei o que dizer.
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- A minha prima foi caluniada!
- Dormistes com ela na noite passada?
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Não. Mas, até ontem,
dormimos juntas o ano todo.
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Confirmado! Confirmado!
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A que propósito é que os dois príncipes
e Claudio mentiriam?
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Afastemo-nos dela. Que morra!
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Escutai-me!
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Senhora, quem é o homem
que vos acusam de receber?
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Quem me acusa, conhece-o.
Eu, não.
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Há algo estranho
na actuação dos príncipes.
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Dois deles são a honra em pessoa.
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Se foram enganados,
foi pelo bastardo John.
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Se a vilipendiaram, o mais orgulhoso
deles ajustará contas comigo.
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Acalmai-vos e deixai-vos guiar
pelo meu conselho.
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Os príncipes retiraram-se,
julgando a vossa filha morta.
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Ocultai-a durante algum tempo
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e anunciai que morreu de facto.
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E qual o propósito?
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Tendo morrido, como faremos crer,
no momento em que a acusaram,
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ela será lamentada,
chorada e perdoada por todos.
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Assim sucederá com Claudio. Quando
souber que as palavras dele a mataram,
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a imagem dela invadir-lhe-á
de mansinho a imaginação,
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e os encantadores dotes que ela
tinha parecer-lhe-ão mais preciosos
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do que quando estava viva.
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Nessa altura, ele chorá-la-á,
desejando nunca a ter acusado.
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Signior Leonato,
segui o conselho do frade.
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Submerso que estou pela dor,
agarro-me à mais pequena bóia.