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Amo-a de todo o coração, mas...
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Vai directo ao assunto,
qual é o problema?
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- Foi sempre óbvio que a amas.
- Mas ando metido com a Helen Sinclair
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e sinto-me nojento
mas incapaz de a deixar.
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Ela é tão carismática, brilhante,
linda, uma verdadeira artista.
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- E falamos a mesma linguagem...
- Estás cheio de remorsos.
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- Estou cheio de remorsos.
- Estás cheio de remorsos.
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- Estás cheio de remorsos.
- Não consigo dormir.
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Remorsos são uma parvoíce burguesa,
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um artista cria o seu próprio
universo moral.
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- Eu sei isso.
- Então qual é o problema?
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Ouve, vou dar-te um conselho,
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o mesmo conselho
que me deram há anos
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quanto tive um dilema semelhante.
- Semelhante ao meu?
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Que é que fizeste?
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Cada um faz o que tem de fazer.
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Ela não é fantástica?
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Há-de ter a Broadway aos pés.
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O papel não deixa de ser
modesto, mas mesmo assim...
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Quando chegar diz-lhe que terá
mais frases, como combinámos.
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Vamo-nos entender, Sr. V...
Posso tratá-lo por Niçk?
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Numa peça que é um êxito
não se mexe, Niçk.
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Chega a um ponto em que, na opinião
profissional do produtor e encenador,
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já não pode ser melhorada.
Nem o enredo ser alterado.
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Agora que estamos para estrear,
qualquer alteração prejudica-a.
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Não, tem de ficar tal como está.
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Para evitarmos confusões...
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Ou tem mais frases ou prego-te
as rótulas ás tábuas da pista.
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Calcula, o encenador acusou-me de
não saber o que faço na 1ª cena.
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Quando estou é a inventar
uma gargalhada superior.