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- Já sabes da Olive?
- Que mais houve?
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Foi morta a tiro.
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O quê?
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Foi morta por um bando rival,
nas docas.
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Quero falar contigo!
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- Comigo?
- Pois, contigo.
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Joe, some-te um bocado.
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Como pudeste?
Como é que pudeste?!
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Ninguém estraga a minha peça.
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A ''tua'' peça? É a segunda vez
que lhe chamas a ''tua peça''.
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Pronto, a nossa. Ela não
te punha doente também?
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Não morria lá por isso.
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isso chega-te?
Quando temos uma coisa tão bela?
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- Mas Cheeçh, matá-la?!
- Era uma pêga.
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O país é livre!
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- Então deixa-me em paz.
- Não deixo nada.
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Nunca te ensinaram que
é moralmente errado,
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que é pecado...
Com quem estarei a falar?!
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A substituta vai melhor.
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Não é o que interessa! Vou tentar
explicar de maneira a que percebas.
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Admitamos que ela arruinava a peça.
E mentira, mas admitamos que sim.
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- isso significa que merecia morrer?
- Não a podias despedir.
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Que raio de monstro desumano és tu?!
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- Acho melhor ires-te embora.
- E eu acho melhor ficar!
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Devias agradecer-me,
estamos nisto juntos.
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Não estamos nada,
eu não a quis morta.
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Ouviste bem? Não estamos
os dois juntos em nada.
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- Preferia-la á peça?
- Pois claro que preferia!
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Achas bem uma fulana qualquer
estragar uma peça tão boa?
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Desejei tanto como tu
o sucesso da peça.
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- Não tanto.
- Não é razão para matar!
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Quem disse? O meu Pai
passava a vida a ouvir ópera,
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mas se o cantor era mau...
- O quê, matava-o?!
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Uma vez, em Palermo.
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Também sou artista. Não tão
grande como tu, mas sou artista.
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Mas primeiro sou um ser humano
decente e com moral!
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E andas enrolado com a Helen Sinclair?
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Que tem isso a ver?!
E como sabes?
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Toda a gente sabe,
tirando a tua amiga.
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Quem pensas que enganas?
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Posso não ser perfeito mas tu
és um assassino! Um animal!
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Um homicida! O teu lugar
é na cadeira eléctrica!
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Ouve-me, mas ouve bem.
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Ninguém Há-de estragar
o meu trabalho, ouviste?