:41:06
- O seu pai era racista?
- Onde quer chegar?
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Pergunto-me quem o ensinou a odiar.
:41:12
- Não gosto de pretos.
- Conheceu alguns negros?
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Claro. Viviam à minha
volta quando era miúdo.
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- Já brincou com uma criança negra?
- Não.
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Mas eu e o meu primo
uma vez fomos assaltados.
:41:22
Que aconteceu?
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Atirámos-lhes pedras. No dia seguinte,
escavacaram-nos as bicicletas.
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Pode censurá-los?
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Não, mas a escravatura
acabou há muito.
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Eles estão sempre a queixar-se
da pouca sorte que têm.
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Os garotos da bicicleta?
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Todos eles. Não suporto
gente que se arma em vítima.
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- Vítimas?
- São todos vítimas.
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Não conheço vítimas no meu bairro.
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Conheço gente decente e trabalhadora.
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Pois eu conheço uma data de pretos
calões que vivem à custa do estado.
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- Parece um político.
- O que quer dizer com isso?
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- Já foi alvo de preconceitos?
- Não.
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Sabe o que as pessoas pensam
de quem está na Fila da Morte?
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- Não. Diga-me.
- Que são monstros.
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Escumalha, inúteis
que vivem à custa do Estado.
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Eles vão matar-me e eu estou inocente.
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Mas não choramingo:
Escravatura, escravatura.
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Gosto de rebeldes,
há negros porreiros.
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Martin Luther King levou os dele
até Washington e humilhou os brancos.
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- Respeita o Martin Luther King.
- Ele lutou, não era calão.
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- E os calões brancos?
- Não gosto deles.
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Então é dos calões que não gosta.
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Podemos falar doutra coisa?
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Jesus também disse: Quem com ferros
mata, com ferros morre.
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Purcell merecia ser executado.
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