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Amo-te gordo, careca, com ou sem
dinheiro, guiando um autocarro...
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É-me indiferente.
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Mas tu tens de estar presente.
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Isso é partilhar.
Isto não é partilha, são sobras.
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Eu devia chegar e dizer:
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'"Olá, querida.
Imagina que entrei hoje numa casa
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'"onde um drogado meteu o filho
num microondas
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'"por ele chorar muito.
Deixa-me partilhar isso contigo.
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'"Vamos partilhar isso e ao fazê-lo
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'"afastaremos todos esses casos horríveis'".
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Certo?
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Errado.
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Sabes porquê?
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Tu preferes a rotina habitual.
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Fazemos amor e tu alheias-te.
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Eu tenho de me agarrar à minha ansiedade.
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Preservo-a
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porque preciso dela.
Mantém-me pronto a agir.
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Como devo estar.
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Tu não vives comigo.
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Vives entre os despojos de mortos.
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Examinas detritos.
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Procuras pistas.
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Buscas sinais da morte
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para sentires o cheiro da tua presa
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e depois caçá-la.
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É a única coisa que te prende.
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O resto é a confusão que deixas
na tua passagem.
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Só não entendo porque não
consigo deixar de te amar.