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Estou lá no tecto
com ela a apontar-me a arma, cheios de frio,
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e entro em pânico. Começo a contar-lhe
uma história que escrevi quando era novo,
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e graças a Deus, ela acha a história engraçada,
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começa a rir,
descontrai-se e deixa de me apontar a arma.
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Os seus escritos salvaram-lhe a vida !
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Para mim isto é espantoso, sabe.
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O que é interessante, à parte
a óbvia culpa sexual que eu tinha na altura,
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nessa história, é que nada mudou.
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Passaram
os anos, tinha um psi, continuo a ter um agora,
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e seis psi's e três mulheres mais tarde...
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continuo sem ter a minha vida amorosa
em ordem, e continuo a gostar das putas.
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É o meu ideal. Paga-se, elas vêm até casa...
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e não se tem
de começar a discutir do Proust ou de filmes.
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Não sei o que me está acontecer.
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Parece que não cresci e sinto-me...
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Vejo outros tipos da minha idade...
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Só penso em comer cada mulher que vejo.
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Encontro
uma mulher no banco, ou no autocarro...
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e penso logo :
como é que ela é nua ? Posso comê-la ?
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Isto é de doidos.
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Há tipos que conheço, advogados, médicos...
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com as suas famílias e as suas casas.
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Eles não são assim...
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O presidente dos
EUA quer comer cada mulher que encontra ?
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Mau exemplo, não é.
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Não sei. Tomemos o Raoul Wallenberg...
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Ele queria comer
todas as empregadas de bar da Europa ?
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Provavelmente que não.
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Fale-me da cerimónia em sua honra.
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Isso é só tretas.
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A mesma escola que me
pôs fora há anos atrás, agora quer honrar-me.
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Porque é que o puseram fora de lá ?
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Porque eu não estava interessado no colégio.
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Eu queria ser escritor.
Escrever era tudo o que me interessava.