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e as cartas nem sequer são importantes.
Jogo até sem ver.
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Posso contar-lhe uma história?
- Por favor.
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Durante gerações, os homens
da minha família foram rabis,
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em lsrael e antes disso,
na Europa.
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Devia ser a minha vocação.
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Eu era um prodígio.
O orgulho da minha yeshiva.
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Os mais velhos diziam
que aos 12 anos
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tinha uma compreensão
do Midrash de 40 anos.
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Quando tinha 13 anos
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soube que nunca podia ser rabi.
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Porquê?
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Porque em tudo o que compreendi
do Talmud
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nunca lá encontrei Deus.
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Não pôde mentir a si próprio.
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Tentei como louco.
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As pessoas estavam a contar comigo.
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Mas a sua profissão é respeitável.
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Não para a minha família.
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Os meus pais ficaram destruídos,
devastados pela minha decisão.
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O meu pai mandou-me
para Nova lorque
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para viver com uns primos afastados.
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Encontrei, eventualmente, o meu lugar,
o meu trabalho.
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O que aconteceu depois?
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Embrenhei-me completamente,
estudei a fundo,
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aprendi tudo sobre Direito.
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Senti profundamente que era para isso
que tinha nascido.
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E os seus pais esqueceram?
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Não. Sempre esperei encontrar
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uma maneira de os fazer mudar
de ideias, mas...
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ficaram inconsoláveis.
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O meu pai nunca voltou a falar-me.