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A minha peça?
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-Está tudo aqui guardado.
-Graças a Deus.
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Guardado?
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-Assim que encontrar a minha musa.
-Quem é ela agora?
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É sempre a Afrodite.
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Afrodite Baggot,
que se vende atrás do Dog and Trumpet?
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Henslowe, não tens alma,
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como podes entender o vazio
de quem procura uma alma gémea?
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Sou um homem morto e esgotado.
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O teatro fechado há doze semanas
por causa da peste.
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Os actores forçados a actuar
nos bares de Inglaterra,
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enquanto o Sr. Burbage
e o Grupo do Camareiro estão na corte,
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e recebem dez libras para fazer a tua peça,
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escrita para o meu teatro,
por ti, às minhas custas,
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quando eras jovem e grato.
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-Qual? Ricardo Quebra-Costas?
-Não! Eles querem comédia.
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Como o Romeu e Ethel.
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-Quem a escreveu?
-Ninguém. Está a escrevê-la para mim.
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-Dei-te três libras há um mês.
-Metade do que me deves.
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Ainda me deves Um Cavalheiro de Verona.
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Que é o dinheiro para nós?
Eu, teu patrono, tu, minha pena.
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Quando acabar a peste,
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o Burbage terá uma nova peça
do Marlowe para o Curtain.
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-E eu nada para o Rose.
-Sr. Henslowe.
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-Empresta-me 50 libras?
-Cinquenta?
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O Burbage ofereceu-me sociedade
no Grupo do Camareiro.
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Por 50 libras,
acabam-se os meus dias de escravo.
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Corta-me o coração. Atira-me aos cães.
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Então, é não?
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Os teatros são servos do diabo!
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Os actores despertam luxúria nas vossas
mulheres e maldade nos vossos filhos!
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E o Rose cheira a ranço,
seja qual for o seu nome!
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Que a peste caia sobre as duas casas!
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Onde vais?
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À confissão semanal.
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BOTICÁRlO ALQUIMlSTA ASTRÓLOGO
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Palavras, palavras.
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Em tempos, tinha o dom.
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Transformava as palavras em amor,
como o oleiro faz potes.
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Amor que derrota impérios.
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Amor que une dois corações,
aconteça o que acontecer.
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Por seis pence a deixa,
fazia uma revolução num convento.