:14:03
e tu estás cá em baixo a fornicar
uma tolinha no ciber-espaço.
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Antes demais, não estamos
a fornicar. Estamos a escrever.
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Em segundo lugar. . . ofenderam-me,
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e a Charlene não é tolinha.
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Provavelmente é um corretor
de bolsa chamado Ralph
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fingindo ser uma tolinha
chamada Charlene.
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Por que negas uma coisa
tão bonita?
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Que disse eu?
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Não é um caso.
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A Teresa nunca fez sexo com ele.
Só se beijaram.
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-Um beijo é um caso.
-Achas que sim?
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Sem dúvida.
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Quando inicias qualquer coisa
íntima com outra pessoa. . .
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. . .até mesmo falar. . .
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. . .tem de afectar a pessoa
com quem devias ser mais íntima.
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A loucura é que a Teresa conseguia
fornicar o marido, mas não beijá-lo.
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Isto é, beijá-lo a sério.
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Não é assim tão louco.
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Já houve alturas, que estando
zangada com o Stan, fazemos amor,
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mas não quero aquela língua
de vaca perto de mim.
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Um beijo pode ser
muito mais íntimo do que o sexo.
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Porquê?
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Porque fazer sexo significa,
"Sim, amo-te" . Mas um beijo. . .
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Um beijo significa. . . "gosto de ti" .
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É uma grande verdade.
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Já não o faco a sério mesmo
com o Larry há uns anos.
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Isso não te deixa triste?
:15:12
Não propriamente.
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Porquê?
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Não sei.
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Porque é inevitável.
É o desgaste do trabalho.
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As fraldas, os acessos de mau
humor, as capitais dos estados.
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O reino, sub-reino, espécies,
a nossa mãe, a mãe dele.
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De repente vês montes de toalhas
molhadas no chão,
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ele monopoliza o telecomando
e coça as costas com um garfo.
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Finalmente, enfrentas a verdade
imutável de que é impossível
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beijar uma pessoa que pega
no rolo de papel higiénico novo
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e o deixa em cima
do rolo acabado.
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Que Deus proíba ele perder
dois segundos a substituí-lo.
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Ele não o vê?
Ele não o vê?!
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Digo-vos que o casamento
é a morte do romance.
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Meu Deus!
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Santo Deus! Merda!