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Não sou religioso,
sou homossexual,
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e anti-Castro,
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reunindo portanto todas as condi-
ções para nunca publicar um livro,
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para viver á margem de todas
as sociedades e lugares do mundo.
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Eis a minha vida, portanto...
Não, ela já é bastante comprida.
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Este chapéu lembra-me
a minha vida de camponês,
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é uma história que conto sempre,
de quando era guajiro...
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Bom, isso continuo eu a ser.
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A minha Mãe e eu seguíamos
ao longo de um rio
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e apareceu um homem lindo,
com um chapéu.
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Tinha um cabelo forte,
era um belíssimo homem...
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E a minha Mãe zangou-se
e desatou a dizer-lhe horrores,
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"filho da puta",
"põe-te a andar daqui!"
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E a atirar-lhe pedras.
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Apesar da chuva de pedras
o homem abeirou-se de mim
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e deu-me dois pesos,
o que, naquela época,
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era uma fortuna
para um guajiro como eu;
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estamos a falar de 1 948...
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E logo ali percebi
que o homem era o meu Pai.
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Bom, isto é o que eu como.
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Abacate, espinafres, inhame...
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Isto é papaia,
que só suporto em compota.
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Será porque nunca perdi
a minha natureza infantil,
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continuo a ser um miúdo,
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adoro partidas,
o mundo infantil...
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E é muito mais prático para uma
pessoa só estas comidas de bebé
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porque por exemplo,
se estou a escrever,
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abro um frasco do que aqui
se chama "baby food"
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e fica pronta
em dois ou três minutos.
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Protejo-me de maus-olhados.
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Publicou muita coisa em Cuba?
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Escrevi sete ou oito romances
mas em Cuba só foi editado um;
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todos os outros
foram-no no estrangeiro.
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Como está, mr. Greenberg?
- Feliz Yomtov.
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Boas Festas.
- Obrigado, deixe que a ajude.