:53:00
Eles convenceram-vos a isto?
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Conquistai os favores do doutor.
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Devia talhar o meu nome no dorso dele
e encher-lhe as feridas de sal!
:53:10
Estais aqui, em segurança,
rodeado de tijolo e argamassa...
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...mas a minha prisão é bem
mais cruel. Não tem muros.
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Apontam para mim e murmuram,
onde quer que esteja.
:53:21
Na ópera, vaiam-me.
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O padre recusou-se a ouvir
a minha confissão.
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Disse que eu já estava condenada!
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Por que tenho eu de sofrer
pelos vossos pecados?
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É assim com os mártires,
não é?
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Devolvei-me o anonimato, só peço
isso. Deixai-me de novo invisível.
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Dizei-me. Haveis feito alguma coisa
para garantir a minha libertação? Não.
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Rogastes ao tribunal?
Pedistes audiência ao imperador?
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Ele recusa-se a receber-me!
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É conveniente ter vosso marido
internado!
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Já não tendes de levantar
as saias...
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...nem de rachar a boca
para que eu a use para o prazer!
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Não sois minha mulher! Sois
um dos meus muitos carcereiros!
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Em nome de Deus...?
:54:02
Levai esta vaca daqui!
Não posso olhar para ela!
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Levai-a para a ala ocidental.
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Para junto das histéricas!
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Trancai-a também,
para ela saber o que se sente!
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A górgona! A porca!
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Para uma mulher de origem humilde,
vossa esposa tem um gosto refinado.
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Quando sugiro granito,
ela fala de mármore peruano.
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Mármore peruano.
Custa uma fortuna importá-lo.
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Tudo o que o coração dela desejar,
Monsieur Prouix.
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Nada mais me agradaria do que
satisfazer todos os desejos dela.
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Mas com a modesta soma que me
destes... Sou arquitecto, não mágico.
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Tenho de falar com o doutor.
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É um assunto da maior urgência.
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É costume escrever-se
a requerer uma audiência.
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O desespero leva-me a ignorar
a etiqueta, e a mergulhar na loucura.