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O motivo para o fazermos
desta forma, Clarice...
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é porque gosto de a observar
quando falamos, com os olhos abertos.
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Não, não me excita.
Agrada-me.
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Tem uns pés muito bem formados.
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Onde é que estamos agora?
Diga alto.
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Avenida Massachusetts.
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Continue.
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Pensei, para começar, que podia
dizer-me como é que se sente.
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Em relação a quê?
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Os mestres a quem serve
e como a trataram.
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A sua carreira, tal como está.
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A sua vida, Clarice.
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Pensei que podíamos
falar da sua.
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- Qual é a próxima rua?
- Rua Capitol.
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Mais dois quarteirões, vire à esquerda
para a Union Station. Estacione.
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A minha vida? O que é que há
para falar da minha vida?
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Tenho estado em hibernação
há algum tempo...
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um pouco inactivo.
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Mas estou de volta a casa
e sinto-me feliz...
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e com muita saúde.
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- Você. Você é que me preocupa.
- Estou óptima.
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Não, com certeza que não
pode estar óptima, Clarice.
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Apaixonou-se pela Agência,
pela instituição...
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só para descobrir, depois de lhes
ter dado tudo o que podia...
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que o amor não é
retribuído...
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que, na realidade, a têm em má conta.
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Querem-na menos que o marido e o filho
de quem desistiu em seu nome.
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Porque será, o que é quepensa?
Porque será que a têm em tão má conta?
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- Diga-me.
- Digo-lhe?
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Deus o abençoe.
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Não é óbvio?
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Você serve a ideia
de ordem, Clarice.