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Sabe, o próprio cérebro não sente dor,
Clarice, se isso a preocupa.
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Por exemplo, Paul não sentirá a falta
deste bocadinho aqui...
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que faz parte do lobo frontal...
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que dizem ser onde residem
as boas maneiras.
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O seu perfiil, na polícia de fronteiras,
tem cinco características.
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- Eu negoceio.
- Negoceia?
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- Pare, e eu digo-lhe quais são.
- Como é que essa palavra lhe sabe?
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Barata e metálica,
como chupar uma moeda suja?
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- Quem é a Clarice?
- Agente Starling, Paul.
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Se não consegue acompanhar a conversa
não participe de todo.
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Paul, eu sou a Starling.
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Vê...
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aqui--
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aqui mesmo é a bolsa que contém
o cérebro.
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Queria mesmo um copo de vinho.
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- Cheira muito bem.
- Sim.
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Aqui.
Quer provar um bocadinho?
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Quero mesmo
vinho --
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É bom.
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Muito bem. Só um bocadinho.
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Se pudesse, negar-me-ia
a vida, não era?
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Não a sua vida.
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A minha liberdade, só isso.
É isso que me tiraria.
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E se o fizesse, aceitá-la-iam
de volta?
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O FBI?
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Essas pessoas que detesta quase
tanto como a detestam a si?
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Ganharia alguma medalha,
Clarice, acha?
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Emolduraria a medalha e penduraria
na parede para olhar para ela...
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para ser lembrada da sua coragem
e incorruptibilidade?