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Até a excitação. Mas, felizmente,
não foi o que aconteceu.
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Quando somos novos, não damos
a devida importância
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à nossa curiosidade sem limites.
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É o que há de especial
em sermos humanos.
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Sabes o que a Benedict Anderson
diz a propósito da identidade?
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Fala de um retrato de bebé.
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Olhas para a fotografia, uma imagem
a duas dimensões, e dizes, "Sou eu."
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Ligares o bebé nesta estranha
e pequena imagem...
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a ti própria, a respirar e a viver
no presente,
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obriga-te a construir uma história,
do tipo "Isto era eu com um ano,
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e, mais tarde, deixei crescer o cabelo,
e mudámo-nos para Riverdale,
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e agora aqui estou eu."
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É necessária uma história,
uma ficção...
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para te identificar com o bebé da fotografia
e para criar a tua identidade.
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E o mais engraçado é que, as nossas células se
renovam completamente de sete em sete anos.
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Já nos tornámos pessoas completamente
diferentes, por várias vezes, antes,
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e, no entanto, na essência,
continuamos sempre a ser nós.
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BARULHO E
SILÊNCIO
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A nossa crítica começa
como começam todas as críticas:
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com a dúvida.
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A dúvida converteu-se na nossa narrativa.
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Na busca de uma história nova,
a nossa.
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Agarrámo-nos a ela na suspeita de que
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não poderia ser contada
numa linguagem normal.
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O nosso passado aparecia
congelado na distância,
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e cada um dos nossos gestos
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era uma negação do velho mundo
e um passo em direcção ao novo.
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A nossa maneira de viver
criou uma nova situação,
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uma situação
de exuberância e amizade,
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uma microssociedade subversiva
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no seio duma sociedade
que a ignorava.
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A arte não era o objectivo,
mas a ocasião e o método...
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para localizarmos
o nosso ritmo específico...
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e as possibilidades escondidas
do nosso tempo.