1:20:01
Bem, o tipo chegou-se ao balcão
e eu disse, "O que é que vai ser?"
1:20:04
O gajo poisou aqui o "burrito",
olhou a modos que para mim,
1:20:06
fixou-me nos olhos e disse,
1:20:07
"Acabo de regressar
do vale das sombras da morte.
1:20:10
"Inspiro sofregamente todos
os odores e essências da vida.
1:20:13
"Eu vi o esquecimento.
1:20:16
"Faço levedar em mim
o desejo de recordar tudo."
1:20:22
Bom... e o que é
que lhe disseste?
1:20:24
O que é que lhe podia ter dito?
1:20:27
Disse-lhe, "Se vais meter
esse "burrito" no micro-ondas,
1:20:29
"é melhor fazeres dois buracos
no plástico, para não rebentar.
1:20:32
"Estou farto de limpar o esterco
dos teus "burritos", percebes?
1:20:41
Porque os pimentões secam.
1:20:43
Ficam a parecer pequenas rodas.
1:20:50
Quando acabou, a única coisa
em que conseguia pensar...
1:20:52
era como é que esta noção do eu,
1:20:56
aquilo que somos, é apenas...
1:21:00
esta estrutura lógica,
1:21:02
um abrigo momentâneo
para todas as abstracções.
1:21:08
Era altura de me tornar consciente,
1:21:11
de dar forma e coerência ao mistério.
1:21:15
E eu participava dele.
Era uma dádiva.
1:21:19
A vida era um turbilhão à minha volta
1:21:22
e cada momento era mágico.
1:21:26
Amava toda a gente,
1:21:28
no controlo de todos
os impulsos contraditórios.
1:21:32
Era disso que gostava mais...
estabelecer ligações com as pessoas.
1:21:37
Ao olhar para trás,
era apenas isso o importante