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Antes de se difundirem
de fila em fila,
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de espectador em espectador,
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até que, agrupadas, de segunda
mão, do tamanho de um selo,
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voltavam à cabina
de projecção.
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Não estou louco,
sou do jornal periódico!
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Quem sabe o ecrã
era mais que um ecrã
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que nos protegia
do resto do mundo.
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Mas houve uma tarde
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na primavera de 1968,
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em que o mundo
finalmente atravessou o ecrã.
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Devido a uma obscura sintonia
de interesses inomeáveis,
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o Ministro Malraux demitiu
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Henri Langlois
da direcção da Cinemateca Francesa.
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Em Chaillot
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puderam verificar
a cara e conceito
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da cultura cinematográfica.
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Com o pretexto da burocracia,
os piores inimigos da cultura
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conquistaram
o bastião da liberdade.
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Não os deixeis fazer isso.
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- Não se recebe a liberdade.
- A liberdade conquista-se!
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Todos que amam o cinema,
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- Em França!
- E em todo o mundo!
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Estão convosco.
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Estão com Henri Langlois!
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Henri Langlois tinha criado
a Cinemateca.
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Porque gostava de projectar filmes,
em vez de os deixar ficar a apodrecer.
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Projectava qualquer filme,
bom, mau, velho, novo,
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mudo, do oeste, thriller.
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E toda a nova vaga de cineastas
aprendeu o ofício aqui.
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O cinema moderno nasceu aqui.
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Langlois havia sido demitido
pelo governo.
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E todos os cinéfilos de Paris
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tinham vindo protestar.
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Foi a nossa própria
revolução cultural.