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Entre. Obrigado por ter vindo. Entre.
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Tome. Não devia deixá-lo
andar por aí com isto.
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Ele pode magoar-se.
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Bem, que vem a ser isto?
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Um jornaleiro aleijado tirou-lha.
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Obriguei-o a devolver-lha.
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Por Deus, vale a pena conhecê-lo.
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Uma personagem espantosa.
Dê-me o seu chapéu.
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Sente-se.
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Devo-lhe uma desculpa.
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Esqueça isso. Falemos do pássaro preto.
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Muito bem, falemos disso.
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Falemos.
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Isto vai ser a coisa mais espantosa
que alguma vez ouviu.
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Digo isto, sabendo que um homem
do seu calibre e com a sua profissão
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deve ter conhecimento
de umas coisas espantosas na sua época.
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Que sabe da Ordem do Hospital
de São João de Jerusalém,
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mais tarde conhecida
por Cavaleiros de Rodes e outras coisas?
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- São Cruzados, não são?
- Muito bem. Sente-se.
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Em 1539, estes Cruzados
persuadiram o lmperador Carlos V
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a dar-lhes a llha de Malta.
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Ele só pôs uma condição:
que lhe pagassem todos os anos
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um falcão como tributo em
reconhecimento que Malta era de Espanha.
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Está a entender-me?
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Tem alguma ideia da extrema
e incomensurável riqueza
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da Ordem naquela época?
- Estavam muito bem de vida.
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Bastante bem,
está longe de ser a realidade.
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Nadavam em riqueza.
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Durante anos tiraram do Leste,
ninguém sabe que espólios de jóias,
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metais preciosos, sedas, marfins.
Todos sabemos que para eles
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as Guerras Santas
eram uma questão de saques.
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Os Cavaleiros eram profundamente
gratos ao lmperador Carlos
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pela sua generosidade para com eles.
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Eles tiveram a feliz ideia
de lhe enviar no seu primeiro ano
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de pagar tributo,
não um insignificante pássaro vivo,
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mas um glorioso falcão em ouro,
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cravejado da cabeça aos pés,