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Não sei que poder é este
que me dita o caminho...
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mas os meus pés pisam já
a estrada que devo percorrer.
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Perdoa-me, Bitia.
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Deus dos nossos pais,
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que destinaste pôr-se fim
à escravatura de lsrael,
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abençoada seja eu
entre todas as mães desta terra,
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pois os meus olhos
contemplaram o Vosso salvador.
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Não prendereis os bois
que pisam o milho,
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fazendo palha
para os tijolos do Egipto,
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nem poupareis os braços que separam
o milho incansavelmente ao vento,
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que separam o joio do trigo,
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trigo carregado incansavelmente
às costas de inúmeros escravos,
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dos barcos sobrecarregados do Nilo
para as margens repletas de gente.
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Caminham sem parar
sob os fardos de trigo,
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e, sem parar, regressam por mais.
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Uma seara doirada
para os debulhadores,
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grão posto de parte
para alimentar os donos,
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amargura para alimentar os escravos,
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e palha para alimentar
as valas de tijolos,
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carregada
nas costas vergadas das mulheres,
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para o vale interminável
de labuta e sofrimento,
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que se estende por milha após milha.
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Um inferno de corpos enlameados,
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onde os pés dos pisadores
misturam barro e palha
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para os tijolos do Faraó.
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E sempre os chicotes
dos capatazes vigilantes,
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prontos a flagelar
as costas dos escravos cansados.
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Lâminas a cortar palha.
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Sachos a cortar o barro.
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Um ciclo contínuo de labuta sem fim.