:42:11
Continue. Diga aquilo que quiser.
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Porque acha que o velho
possa estar a mentir?
:42:17
É só porque olhei para ele
durante muito tempo.
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Tinha o casaco descosido
debaixo do ombro.
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Repararam nisso? Quer dizer,
vir assim a tribunal...
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Era um homem muito velho
com um casaco desfeito.
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E deslocou-se muito devagar
quando foi depor.
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Arrastava a perna esquerda
e tentava disfarçar,
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porque tinha vergonha.
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Eu acho que conheço esse
homem melhor do alguém aqui.
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É um velho pacato, assustado,
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insignificante...
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que nunca foi nada
a vida toda.
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Que nunca teve reconhecimento
ou o nome publicado nos jornais.
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Ninguém o conhece.
Ninguém o menciona.
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Ninguém procura os seus
conselhos após 75 anos.
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Meus senhores, isto é uma coisa muito
triste: não significar nada.
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Um homem assim precisa de ser mencionado,
de ser ouvido.
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Ser mencionado uma vez que seja,
uma vez importante.
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Seria tão duro para ele retirar-se
para segundo plano.
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Espere lá. Está a dizer que ele mentiria
só para poder ser importante uma vez?
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Não. Ele não iria propriamente mentir.
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Mas talvez ele se tenha convencido
de que ouviu essas palavras
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e que tenha reconhecido
a cara do rapaz.
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Isto é a mais fantástica
história de sempre.
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Como pode você especular assim?
O que sabe você disso?
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- Alguém quer um rebuçado para a tosse?
- Eu aceito um.
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Ainda não percebo como pode
alguém achar que ele é inocente.