1:23:00
Essas marcas podem ter sido feitas por
outra coisa qualquer para além de óculos?
1:23:08
Não. Não podem.
1:23:10
Eu não vi marcas nenhumas.
1:23:14
Eu vi. É estranho, mas
não tinha pensado antes nisso.
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Porque é que o advogado
não disse nada?
1:23:20
Tínhamos ali 12 pessoas
concentradas no caso.
1:23:23
- Onze de nós também não pensaram nisso.
- E o advogado de acusação?
1:23:27
Acha que ele caía nisso?
Pô-la a testemunhar sem óculos?
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Nunca viram alguma mulher que não queira usar
óculos, porque lhe estragam a aparência?
1:23:34
Sim senhor. Ela tinha marcas no nariz.
Concedo que sim.
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Dos óculos, certo? Ela não
os quis usar fora de casa
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para as pessoas a acharem
bonita.
1:23:45
Mas quando ela viu o miúdo matar
o pai, ela estava sozinha em casa.
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É tudo.
1:23:52
Você usa óculos quando
vai para a cama?
1:23:54
Não. Não uso.
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Ninguém usa óculos na cama.
1:23:59
É lógico assumirmos que
ela não os estava a usar na cama.
1:24:04
- Como é que sabe?
- Não sei. Depreendo.
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Também depreendo que não os tenha posto
quando olhou casualmente pela janela.
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Ela testemunhou que o crime
teve lugar quando ela olhou para fora.
1:24:14
As luzes apagaram-se.
Ela não tinha tempo para os pôr.
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Mais um palpite. Talvez ela pense honestamente
que viu o rapaz a matar o pai.
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- Eu digo que ela apenas viu silhuetas.
- Como sabe o que ela viu?
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Como é que ele sabe tudo isso?
Como sabe que óculos usou ela?
1:24:27
Talvez fossem óculos de sol! Talvez
ela veja bem ao longe! O que sabe você disso?
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Eu só sei que a visão da mulher
está agora em questão.
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Ela tinha de ser capaz de identificar alguém
a 20 metros de distância, à noite, sem óculos.
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Não se pode sentenciar alguém à
morte com base em provas destas.
1:24:43
Oh, deixe-se disso.
1:24:45
- Não acha que ela possa ter-se enganado?
- Não.
1:24:48
- Não é possível?
- Não, não é possível.
1:24:54
É possível?
1:24:57
Inocente.