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Não, filho...
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Por favor, não chores.
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Que estranho... nunca te tinha visto chorar.
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Não choraste quando eras miúdo?
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Não percebe?
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Nunca quis a sua casa, nem o seu dinheiro.
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Não queria ter nada!
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Eu só queria um pai e não um patrão.
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Queria que me amasse.
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- Amei-te e continuo a amar-te.
- Não.
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Nem a mim, nem ao Gooper,
nem mesmo à mãe.
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É mentira.
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- Eu amei-a e dei-lhe tudo...
- Coisas, pai.
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Deu-lhe coisas.
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Uma casa, uma viagem à Europa,
esta tralha toda, jóias...
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Deu-lhe coisas, não amor.
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Dei-lhe um império.
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Já o vi nesse império
com o seu testa de ferro!
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Não conhece os empregados!
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Não sabe se têm filhos ou se são felizes.
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Nunca olhou para a cara eles.
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E depois? Não se constrói
um império a recordar caras.
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Na próxima semana,
começo a construir a fábrica de têxteis.
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Para além de plantar algodão,
vou processá-Io e comercializá-Io!
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Daqui a um ou dois anos...
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É isso...
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Os homens que constroem impérios
morrem e os impérios também.
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Não!
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Tenho-te a ti e ao Gooper.
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Já olhou para o Gooper?
Vê no que se tornou?
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Era isso que queria dele?
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E eu?
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Tem razão. Sou um puto de 30 anos
e em breve serei um puto de 50.
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Não sei em que acreditar.
De que serve viver assim?