:01:02
Não estás a olhar para mim, Mike.
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Não me estás a olhar nos olhos.
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És um cobarde.
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Só os cobardes fazem isso.
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Poderia olhar-te nos olhos se quisesse, papá.
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Mas não quero olhar-te nos olhos.
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Devo supôr que és um cobarde.
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Deves tê-lo herdado da tua mãe.
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Provavelmente teria sido melhor para ti...
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nascer mulher.
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Poderíamos ter-te chamado Michelle.
:01:43
Sabes, a cobardia é mais aceitável
nas raparigas, Michelle.
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Sinto, quis dizer Mike.
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Siempre me esqueço.
:01:54
Um momento.
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E se te chamasse Michelle todo o tempo?
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Assim não teria de me envergonhar tanto
de ti nem da tua cobardia.
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Poderia considerar que eras uma rapariga...
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pela forma como te vestes, pelos teus vestidos,
os teus chapéus pontiagudos e os teus xailes.
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Poderias ser a menina do papá.
:02:12
Não teria de me envergonhar tanto
de me verem contigo em público, não é?
:02:19
O que achas, Michelle?
:02:21
Parece-te uma boa ideia?
:02:23
Não o faças, papá.
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O quê?
:02:29
Disseste algo?
:02:31
Com essa vozinha de menina,
não pude ouvir o que disseste.
:02:35
Odeio-te, papá.
:02:37
- Fala mais alto, pequena!
- Odeio-te!
:02:41
Odeio-te, porque amo...
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Tudo isto faz-me sentir...
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culpa e ódio.
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O meu coração não encontra palavras.
:02:55
Então não fales.
:02:57
Não fales.
Mostra-me o que sentes.
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Não me digas nada.
Não me interessa o que dizem as meninas.