Cyrano de Bergerac
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:18:01
para me servir,
perante esta nobre plateia,

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semelhante sortido
de amargos gracejos,

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não teríeis articulado um quarto
da metade do começo de um,

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porque eu sirvo-me a mim próprio,
com bastante verve,

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mas não permito
que alguém mos sirva!

:18:19
Valvert, deixemos isso!
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Que ares de tanta arrogância!
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Um fidalgote...
que nem sequer tem luvas!

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E que sai sem sedas,
sem rendas, sem presilhas!

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Eu, é com moralidade
que pratico a elegância.

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Não cedo a negligências,
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como a de sair com uma afronta
não muito bem lavada,

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ou com ramelas de sono
no canto do olho,

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com a honra amarrotada,
com os escrúpulos enlutados.

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Nada há em mim
que não reluza,

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enfeitado de independência
e de franqueza.

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Basta!
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Não tenho luvas?
Olha que grande coisa!

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Restava-me apenas uma...
de um par muito velho,

:18:55
mas que continuava
a incomodar bastante:

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deixei-a colada
à cara de alguém.

:19:00
Patife, velhaco, ridículo,
alarve de pé chato!

:19:03
Sim!... Eu sou, Cyrano-Savinien,
Hercule de Bergerac!

:19:07
Palhaço!
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O que é que ele diz mais?
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É preciso pô-la em movimento,
senão ela fica dormente...

:19:13
É o que dá deixá-la
sem actividade!

:19:15
Que tendes?
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Tenho formigueiro
na minha espada!

:19:21
Que assim seja!
:19:23
Ela ama quase apaixonadamente
este ruído!

:19:27
- Poeta!
- Sim, senhor, poeta!

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E de tal maneira que,
esgrimindo,

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vou compor-vos uma balada
de improviso.

:19:35
Uma balada?
:19:36
E ferir-vos, Senhor,
no último verso.

:19:38
Não!
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“Balada de um duelo
que num hotel borgonhês

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o senhor de Bergerac travou
com um patife!”

:19:48
O que é isso,
se faz favor?

:19:50
É o título.
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- Escutai! Nada de barulho!
- Esperai...!

:19:55
Estou à procura das rimas...
Já está.

:19:59
Tiro com graça o chapéu...

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