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Eu movimentava-me num meio,
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tinha muitas decisões,
bastante complicadas, a tomar.
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- Decidi-me...
- Por qual?
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Pela mais simples de todas.
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Decidi ser admirável,
em tudo, por tudo!
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Mas agora, só a mim,
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diz-me o motivo do teu ódio por
Montfleury, o motivo verdadeiro.
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Odeio-o desde que ele
se permitiu
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assentar os olhos
sobre aquela...
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Julguei estar a ver
uma enorme lesma
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a deslizar por uma flor!
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Como? Seria possível?
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Que eu amasse?
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Eu amo.
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E pode saber-se?
Nunca me disseste?...
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Quem eu amo?...
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Reflecte, vejamos.
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O sonho de ser amado
mesmo por uma feia
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está-me interdito
por este nariz,
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que me precede um quarto de hora
em todos os lugares.
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Quem amo eu?
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Mas é fácil de saber!
Amo... teria que assim ser!
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- A mais bela que existe!
- A mais bela?...
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A mais fina, a mais brilhante,
a mais doce, Le Bret,
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que é também a mais culta.
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Meu Deus!
Compreendo. É claro.
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- É diáfano.
- Magdeleine Robin, a tua prima?
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Sim. Roxane.
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Pois bem! Tanto melhor!
Tu ama-la? Diz-lho.
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Hoje, cobriste-te de glória
aos olhos dela!
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Olha para mim, meu amigo,
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e diz-me que esperança me resta
com esta protuberância!
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Não tenho ilusões.
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Na verdade, sim, por vezes
enterneço-me ao luar.
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De longe, sigo com os olhos,
sob a luz de prata,
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uma mulher que dá o braço
a um cavaleiro.
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E imagino que para dar
um passeio ao luar,
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também eu gostaria de levar
uma a meu lado.
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Exalto-me, esqueço...
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E percebo, de repente, a sombra
do meu perfil no muro do jardim.
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Meu amigo!...
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Meu amigo, tenho más horas!
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Por me sentir tão feio,
por vezes, completamente só...
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- Choras?
- Não, isso nunca!
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Seria demasiado feio,