Cyrano de Bergerac
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:45:01
sobre o capítulo dos moinhos.
- Capítulo treze.

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Porque, quando os atacam,
muitas vezes acontece...

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Eu ataco porventura pessoas
que giram com o vento?

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Que um moinho com
os seus enormes braços

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carregados de velas
vos lance na lama!...

:45:12
Ou antes nas estrelas!
:45:21
- Enfim, convirás que...
- Claro que sim, é o meu vício!

:45:24
Desagradar é o meu prazer,
gosto que me detestem.

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Se abandonasses um pouco
a tua alma de mosqueteiro,

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a fortuna e a glória.
- E que seria necessário fazer?

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Procurar um protector poderoso,
arranjar um patrono?

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E como uma hera obscura
que se agarra a um tronco.

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E faz dele um tutor,
lambendo-lhe a casca.

:45:39
Trepar manhosamente
em vez de subir pela força?

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Não, obrigado.
:45:45
Dedicar, como todos o fazem,
versos aos homens de finanças?

:45:48
Transformar-se em palhaço
na esperança ignóbil de ver,

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nos lábios de um ministro
:45:53
nascer um sorriso, enfim,
que não seja sinistro?

:45:56
Não, obrigado.
:45:57
Almoçar, todos os dias,
como um sapo?

:45:59
Ter um ventre usado
por rastejar?

:46:01
Uma pele que imediatamente
nos joelhos se suja?

:46:04
Fazer exercícios de flexão
dorsal?

:46:07
Não, obrigado!
:46:08
Não descobrir talento
senão nas pilecas?

:46:10
Ser aterrorizado
por vagas bisbilhotices?

:46:12
E dizer sempre:
:46:13
“Oxalá apareça nas páginas
do Mercure de France”?

:46:17
Não, obrigado!
:46:19
Calcular, ter medo,
estar pálido...

:46:22
Gostar mais de fazer uma visita
do que um poema?

:46:24
Redigir pedidos,
fazer-se apresentar?

:46:27
Não, obrigado!
Não, obrigado!

:46:29
Não, obrigado!...
:46:34
Mas cantar, sonhar, rir,
:46:38
caminhar, estar só,
:46:41
ser livre,
:46:44
ter olhos para ver bem,
voz vibrante,

:46:48
pôr o chapéu à banda,
quando assim agrada,

:46:51
bater-se por tudo
e por nada.

:46:53
ou fazer um verso!
:46:57
Trabalhar sem preocupação
de glória ou de fortuna.


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