Cyrano de Bergerac
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1:09:01
- Sou eu.
- Eu, quem?

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Eu queria...
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- Queria falar-vos...
- Não, falais muito mal.

1:09:09
Por favor!
Para o nosso amor...

1:09:12
... isso seria fatal.
- Não! Já não me amais!

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Ser acusado, ó deuses!
De já não amar...

1:09:18
Quando... amo ainda mais!
1:09:21
Olha, está melhor!
1:09:23
O amor cresceu embalado
na minha alma inquieta,

1:09:27
que este cruel rebento
tomou por...

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... berço de embalar!
1:09:34
Está melhor!
1:09:36
Mas, uma vez que ele é cruel,
1:09:38
foste estúpido de não o abafar
no berço!

1:09:42
Bem, o tentei, mas...
vã tentativa,

1:09:48
este... recém-nascido, senhora,
é um pequeno Hércules.

1:09:53
Está melhor!
1:09:55
De maneira que estrangulou
como nenhum outro...

1:09:58
as duas serpentes,
Orgulho e... Dúvida.

1:10:03
Está muito bem!
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Mas por que falais lentamente,
meu amigo?

1:10:08
São hesitantes as vossas
palavras. Porquê?

1:10:11
- Porque é de noite...
- O quê?

1:10:16
Na sombra, às cegas elas avançam
para os vossos ouvidos.

1:10:21
As minhas não sentem
essa dificuldade.

1:10:24
Chegam imediatamente.
1:10:26
É evidente, pois é no meu coração
que as recebo.

1:10:30
Ora eu, tenho o coração grande,
vós a orelha pequena.

1:10:34
Aliás, as vossas palavras
descem, vão depressa,

1:10:40
as minhas sobem, senhora,
precisam de mais tempo!

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Mas desde há alguns momentos
elas sobem bastante melhor.

1:10:45
Habituaram-se,
à força do exercício!

1:10:48
De facto, falo-vos
de uma grande altura!

1:10:50
Certamente, e matar-me-íeis se,
dessa altura,

1:10:54
deixásseis cair uma palavra dura
sobre o meu coração!

1:10:56
- Vou descer!
- Não!

1:10:58
Então, trepai até aqui,
rapidamente!


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