Cyrano de Bergerac
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- Agora, ele é duque.
- E marechal, julgo.

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Há meses que não a vinha ver.
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- Ainda de luto?
- Ainda.

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- Fiel, também?
- Também.

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Perdoastes-me?
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Uma vez que aqui estou.
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A irmã Marthe tirou uma ameixa
seca da tarte!

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- Eu vi-a!
- É muito feio, irmã Marthe.

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Difamar é um pecado!
Apenas uma ameixazinha!

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Direi, esta noite,
ao senhor Cyrano.

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Fiz doce dos anjos
para ele!

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Deveis saber que ele
não é muito bom católico.

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- Convertê-lo-emos.
- Sim! Sim!

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Proíbo-vos de o perseguir
mais uma vez

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por causa disso,
minhas filhas,

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não o atormentem: ele passaria
a vir menos vezes, talvez!

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Mas Deus...
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Sosseguem.
Deus deve conhecê-lo bem.

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Mas todos os sábados,
quando chega de ar altivo,

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diz-me ao entrar:
“Irmã, comi carne ontem!”

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- Ele diz-vos isso?
- Sempre.

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Mas no último sábado,
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ele não tinha comido
havia dois dias.

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Mesmo morto o amais?
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Por vezes, parece que não
morreu completamente,

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que os nossos corações
estão unidos,

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e que o seu amor flutua vivo,
à minha volta!

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Aí vem Le Bret!
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Ele vem aqui muitas vezes?
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Senhor marechal...
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Chegais muito cedo!
Ele só vem às sete horas.

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- Quem?
- Cyrano.

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Ele! Como está?

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