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- Mal.
- Mal?
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Ele exagera.
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Tudo o que eu previ:
o abandono, a miséria!...
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Os seus panfletos
que lhe trazem novos inimigos!
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Ataca os falsos nobres,
os falsos devotos,
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os falsos bravos, os plagiadores,
toda a gente!
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Mas a sua espada inspira
um profundo terror.
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Não o lamenteis demasiado,
viveu sem compromissos,
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livre, tanto no pensamento
como nos actos.
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Sim. Eu sei, tenho tudo,
ele não tem nada...
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Mas de boa vontade
lhe apertaria a mão.
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- Adeus...
- Acompanho-vos.
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Sim, por vezes, invejo-o.
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Reparai, quando se triunfou
demasiado na vida,
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sente-se, mesmo sem nada ter
feito de mal,
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mil pequenas mágoas,
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cujo total não perfaz
um remoroso,
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mas um obscuro
constrangimento,
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e os mantos ducais
arrastam no forro,
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enquanto sobem os degraus
da grandeza,
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um ruído de secas ilusões
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e de desgostos.
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Estais a ficar sonhador?
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Pois sim!
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Senhor Le Bret!
Permitis? Só uma palavra.
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É verdade; ninguém ousaria
atacar o vosso amigo,
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mas muitos lhe têm ódio.
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E alguém me dizia, ontem, quando
jogava no Palácio da Rainha.
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Esse Cyrano poderia
morrer de um acidente.
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Durante os próximos dias
deve evitar sair, ser prudente!