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Bebe devagar, que isso é forte.
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O que é que tens na manga?
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Posso mostrar-te
como se sai da prisão.
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Fala. Estou a ouvir.
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Não é mau. Tens mais?
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É a última que te dou.
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- Porque ma dás?
- Porque precisas.
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Sem isso,
não eras capaz de me ouvir.
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Não me chateis mais, preto.
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Acho que és a pessoa
com mais cabeça nesta prisão.
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Por que não a usas?
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Não podes sair daqui,
como fazem nos filmes.
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Mesmo que fujas,
é como se cá estivesses.
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Isso é mentira.
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Dão murros nas paredes,
em vez de se servirem da cabeça.
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É o que os brancos
querem que faças.
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Olha para ti, a pores
todo esse veneno na cabeça.
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Estás na prisão há muito.
Lá fora, toda a gente faz isto.
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E por que é que o fazem?
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Não querem uma carapinha como...
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Como quê? Como a minha?
Como a dum preto?
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Por que não havemos
de ser como nascemos?
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Por que tens vergonha
de ser preto?
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Digo-te uma coisa... Eu não
tenho vergonha de nada.
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Larga-me.
Tenho de lavar isto.
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- Deixa arder!
- Larga-me, preto.
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Vá, queima-te à vontade!
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Põe esse veneno no cabelo,
para fingires que és branco.
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- Não quero ouvir isto!
- Julgava-te inteligente.
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Mas não passas de mais
um desses gingões
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vestidos de palhaço...
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Parecem macacos!
O branco ri-se de vocês,
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porque sabe
que não são brancos.
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- Quem és tu?
- A questão é: Quem és tu?
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Eu digo-te.
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Tu andas perdido no escuro.