1:01:00
Nada. Só devolvendo-a.
1:01:03
Meu Príncipe, mostrais-me
um nobre agradecimento.
1:01:08
Aqui a tendes de novo, Leonato!
1:01:11
Não deis esta laranja podre
ao vosso amigo.
1:01:15
Ela finge uma honra que não tem!
1:01:20
Ruboriza-se como uma donzela!
Não juraríeis, vós todos que a vedes,
1:01:25
que é pura, por estes sinais
exteriores? Mas não é tal!
1:01:31
- Conhece o calor da luxúria!
- Que quereis dizer, senhor?
1:01:36
Não vou casar-me, não unirei
a minha alma à de uma libertina!
1:01:41
Não!
1:01:46
Meu bom senhor,
se acaso vos aconteceu
1:01:49
vencerdes a resistência dela,
roubando-lhe a virgindade...
1:01:55
Não, Leonato!
1:01:58
Nunca a tentei com outras palavras...
1:02:03
... que não as de um irmão
para uma irmã,
1:02:07
mostrando uma sinceridade
recatada e um amor puro.
1:02:10
E eu não vos pareci fazer o mesmo?
1:02:13
Parecias-me Diana na sua esfera,
1:02:17
mas o teu sangue é mais ardente
do que o de Vénus...
1:02:21
lde-vos!
1:02:23
... ou do que o de animais nutridos
no excesso de uma luxúria selvagem!
1:02:29
Sentis-vos bem,
para assim falardes?
1:02:32
- Porque não falais?
- Que posso dizer?
1:02:35
Sinto-me desonrado por ter querido
unir o meu amigo a uma devassa.
1:02:42
Que homem falou contigo
ontem à noite,
1:02:45
à tua janela,
entre as doze e a uma?
1:02:48
Não falei com homem nenhum
a essa hora!
1:02:51
Não sois uma donzela. Leonato,
lamento que tenhais de ouvir isto.
1:02:56
Posso jurar que eu, o meu irmão
e este infeliz conde a vimos,