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Sim, é uma triste realidade do teatro.
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Ainda não pudemos falar a sério...
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- Que lhes posso trazer?
- Dois martinis, muito secos.
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Como sabe o que bebo?
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Ah, também quer um?... Três.
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Sou mau juiz do que escrevo,
mas só pela leitura de hoje
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já lhe posso dizer que vai
ser brilhante no papel.
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É uma peça maravilhosa...
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Falo a sério, são tão raras
peças com algum significado.
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Há o Max Anderson
e o Gene O'Neill, e pouco mais.
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A princípio estava relutante
em aceitar, a personagem é tão...
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- incolor.
- A ideia é...
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Até que percebi como é complexa
e profunda a sua vida interior.
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Tentei dar-lhe contradições...
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Mas senti medo,
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estou habituada a retractar
mulheres mais abertamente heróicas,
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menos hesitantes, mais sedutoras,
certamente nada frígidas.
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Bom, claro, a Sylvia Poston
é um monte de neuroses...
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Apesar de não encontrar nada
na peça que lhe desse interesse,
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nenhuma paixão verdadeira,
nenhuma sedução,
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continuo a achá-la digna
de ser interpretada.
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Talvez se eu acrescentasse
um toque aqui e outro ali,
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que a satisfizesse e...
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Nem pensar, nunca o faria
alterar a sua obra por minha causa.
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Quem sou eu, alguma vaidosa
lenda da Broadway?
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Você é um Chekhov em potência.
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Não digo que alterasse a peça, só
que posso relê-la tendo isso em mente.
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Porque afinal, miss Sinclair...
Posso tratá-la por Helen?
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Os seus instintos de actriz
são impecáveis
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e quero uma personagem
com dimensão.
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Não a quero uma molenga...
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- Lê-me como a um livro aberto.
- Eu?
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Você é inteligente. É brilhante.