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- Se fores tu a escrever...
- Sei como as pessoas falam.
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Dá aí umas tacadas
e deixa-me trabalhar.
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Se és tu a escrever...
:53:07
Não tenhas medo,
não digo a ninguém.
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Vi-te armado em grande chefe,
sei como funciona.
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De onde eu venho, ninguém
dá com a língua nos dentes.
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Dá umas tacadas.
E pára de olhar para mim.
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Que diálogo! Isto é melhor
do que O'Neill.
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O Max Anderson nunca
escreveu assim!
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Então, gosta?
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Estão cheios de paixão,
cheios de vida.
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Que diferença do outro rascunho,
quando ainda não te encontrarás.
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A ideia estava lá
mas por cristalizar,
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precisavas de a ouvir
representada. E agora isto...
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Já não está tépido e cerebral.
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Está repleto de vida,
repleto de paixão.
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Sente-se sensualidade húmida,
está finalmente carnívoro!
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Achou o outro rascunho
cerebral e tépido?
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Só o enredo e o diálogo.
Mas isto...
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Não havia nada no original
que achasse digno de ficar?
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A direcção de actores
era lúcida, a melhor que já vi.
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E achei linda a cor da capa.
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Obrigado, sempre tive jeito para
direcção de actores...
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Fui reler as tuas outras peças
e tinham todas o mesmo problema.
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Boas ideias mas demasiado
rebuscadas, sem força.
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Mas agora, amadureceste.
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Tenho uma confissão a fazer...
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Não fales.
:54:34
Não, não fales.
Sei que te vais minimizar.
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Sei que sim. Mas vais tomar
esta cidade de assalto!
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Eu não...
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... tinha percebido a inspiração
que foi para a minha peça.
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David querido, querido David...
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Que artista pungente e em ebulição.