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"Foi o rouxinol e não a cotovia,
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"que tanto assustou vosso nobre ouvido.
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"Todas as noites canta naquela romãzeira.
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"Crede em mim, amor, era o rouxinol.
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"Era a cotovia, o arauto da manhã;
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"não o rouxinol.
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"Vede, amor, que invejosos raios de luz,
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"rompem as nuvens além
no oriente longinquo.
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"As candeias da noite extinguiram-se,
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"e o jucundo dia põe já seu pé,
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"nos cumes brumosos das montanhas.
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"Tenho de partir e viver, ou ficar e morrer.
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"Aquela luz não é o dia; bem o se eu.
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"É uma estrela que do sol emana,
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"para vos servir de tocha esta noite,
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"e vos iluminar no caminho para Mantua.
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"Ficai ainda um pouco.
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"Não tendes de partir já.
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"Seja, que me prendam,
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"ou que me matem;
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"Se é esse vosso desejo, serei feliz.
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"Tenho mais desejo de ficar,
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"que vontade de partir.
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"Vem, morte, sê bem vinda.
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"Julieta assim o quer."
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Irás longe, temo.
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Espero voltar a trabalhar contigo.
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"Tenho tais venenos mortais,
mas a lei de Mantua,
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"é a pena de morte para quem os vender."