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Nem calor nem respiração
hão-de atestar que viveis.
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E neste estado de morte aparente,
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permanecereis
durante quarenta e duas horas,
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despertando depois
como de um agradável sono.
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Vinde aqui! Boticário!
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Vinde aqui, homem. Vejo que sois pobre.
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Tomai, aqui tendes 40 ducados.
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-Dai-me uma dose de veneno...
-Tenho tais venenos mortais,
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mas a lei de Mantua é a pena de morte
para quem os vender.
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-Sois assim tão...
-A pobreza, e não a vontade, o consente.
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Pago a vossa pobreza, não a vontade.
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Fitai-a pela última vez, olhos meus.
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Abraçai-a pela última vez, braços meus.
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E vós, lábios,
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vós que sois a porta da respiração,
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selai com um legitimo beijo,
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o pacto eterno,
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com a morte voraz.
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Vinde, amarga sorte.
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Vinde, fatal guia.
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Vinde agora, piloto sem esperança,
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e atirai contra os rochedos
o meu fatigado batel.
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Por vós, minha amada!
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Fiel boticário!
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Vosso veneno é rápido.
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E assim, com um beijo,
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morro.