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O meu amigo Nicole
da World Circle Records
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ligou-me de Londres a perguntar
se queria vir ter com ele a Cuba,
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fazer um disco de música
campesina cubana
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e com músicos
da África Ocidental.
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Como pareceu uma grande ideia
que nunca fora experimentada
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eu disse logo, ``Claro...``
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A minha mulher e eu tínhamos
estado em Havana nos anos 70,
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ã procura de música igual
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ã de uma fita gravada
que um amigo nos tinha dado,
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com música e canções
das mais bonitas que já se ouviu.
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Eu nunca tinha ouvido
nada assim...
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Portanto metemo-nos num barco,
fomos lá ver o que farejávamos,
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chegámos a ouvir alguns
músicos já idosos
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mas na época eu não sabia como
fazer, como levar por diante,
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por isso fui-me embora mas
nunca deixei de pensar naquilo.
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Mas desta vez viemos, o Nick
foi buscar-nos ao aeroporto
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e disse que os africanos
não tinham podido vir,
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tinham ficado retidos
em Paris,
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portanto que fazíamos?
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Resolvemos então prosseguir
com quem quer que encontrássemos,
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começámos a perguntar por aí,
o Juan de Marco ajudou-nos
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e em breve tínhamos uma sala
cheia de gente,
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incluindo o Company segundo,
o Eliadas de Ochoa,
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o Ibrahim Ferrer,
o Amadito Valdés, o Pío Layva,
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o Puntillita, o Rubén,
o Cachao e o Barbarito Torres,
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que é o alaúdista que eu tive
na minha fita estes anos todos.
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Eu tinha-os ouvido em discos
estes anos todos
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mas não fazia ideia
se estavam vivos ou mortos,
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o Rubén González nem sequer
tinha piano há dez anos,
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nunca mais tinha tocado.
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Disse-nos que por ter artrite,
mas claro que não era verdade...
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lsto exemplifica a sorte
que é necessário ter-se
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para encontrar tantos deles
ainda vivos e de saúde,
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apesar de esquecidos.
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E contentes por tocar,
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abertos e generosos com o seu
talento, os seus conhecimentos...