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Tem passado manuscritos
a um editor.
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Ai sim?
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Confio demasiado, Madeleine.
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Isto é uma grande desilusão.
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Pois é. O papel é barato,
a letra demasiado pequena.
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Que haveis feito?
Subornastes um dos guardas?
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Lmplorastes-me que escrevesse.
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Para propósitos curativos,
para acabar com a loucura.
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Mas não tendes o direito de publicar!
Nas minhas costas, sem aprovação?
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Havei-lo lido mesmo?
Ou fostes logo para as dobras?
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- O suficiente para perceber o teor.
- E...?
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Nem sequer é um romance a sério!
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Não passa de uma enciclopédia
de perversões!
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E falha como exercício de engenho.
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As personagens são inexpressivas.
O diálogo é vazio.
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Já para não falar da incessante
repetição de palavras como...
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..."mamilo" e "lanca".
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Aí encalhei, tendes razão.
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E um âmbito tão pobre!
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Só o pior da natureza humana.
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Escrevo sobre as grandes verdades
eternas que ligam toda a Humanidade.
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Pelo mundo inteiro...
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...comemos, cagamos,
fodemos, matamos e morremos.
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Mas também nos apaixonamos.
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Construímos cidades,
compomos sinfonias e perseveramos.
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Por que não escreveis também disso?
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Lsto é uma ficção,
não um tratado de moral.
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Mas não é esse o dever da arte?
Elevar-nos acima do diabo?
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Julgo que esse é o vosso dever.
Não o meu.
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Mais uma destas proezas...
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...e ver-me-ei obrigado a negar-vos
todas as liberdades.
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Trata-se daquele médico, não é?
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Veio usurpar-vos o lugar, não foi?
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Está em jogo mais
do que a vossa escrita.
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- O Ministério ameacou encerrar isto.
- Não podem falar a sério!