Quills
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:30:02
Já para não falar da incessante
repetição de palavras como...

:30:05
..."mamilo" e "lanca".
:30:07
Aí encalhei, tendes razão.
:30:09
E um âmbito tão pobre!
:30:11
Só o pior da natureza humana.
:30:14
Escrevo sobre as grandes verdades
eternas que ligam toda a Humanidade.

:30:18
Pelo mundo inteiro...
:30:20
...comemos, cagamos,
fodemos, matamos e morremos.

:30:23
Mas também nos apaixonamos.
:30:25
Construímos cidades,
compomos sinfonias e perseveramos.

:30:28
Por que não escreveis também disso?
:30:30
Lsto é uma ficção,
não um tratado de moral.

:30:32
Mas não é esse o dever da arte?
Elevar-nos acima do diabo?

:30:36
Julgo que esse é o vosso dever.
Não o meu.

:30:40
Mais uma destas proezas...
:30:43
...e ver-me-ei obrigado a negar-vos
todas as liberdades.

:30:47
Trata-se daquele médico, não é?
:30:51
Veio usurpar-vos o lugar, não foi?
:30:53
Está em jogo mais
do que a vossa escrita.

:30:57
- O Ministério ameacou encerrar isto.
- Não podem falar a sério!

:31:02
Tendes o nosso futuro
na ponta da vossa pena.

:31:04
Mais poderosa do que a espada.
:31:07
Ponde-vos no meu lugar.
Tenho que pensar nos outros.

:31:10
Se Charenton fecha, não terão
para onde ir, nem roupa, nem comida.

:31:14
Que se lixem! Deixai-os morrer
nas ruas, como a natureza tencionou.

:31:20
Convosco entre eles?
:31:24
Se fui gentil convosco,
Marquês...

:31:27
...se vos concedi o privilégio
de passear num dia de Primavera...

:31:30
...ou vos passei uma almofada
a mais por baixo da porta...

:31:33
...se partilhei vosso vinho,
ri das vossas vulgaridades...

:31:35
...ou vos animei com argumentos...
:31:38
...condescendei agora no que digo.
:31:40
Para vosso bem, e por Charenton.
:31:44
Também sois poeta.
Devíeis comecar a escrever.

:31:48
- Dais-me a vossa palavra?
- Deveras!

:31:52
Feris-me no âmago!
:31:54
De que serve
toda a vossa reabilitacão...

:31:56
...se quando eu por fim sucumbo,
quando me vergo à justa conduta...


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