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Tendes o nosso futuro
na ponta da vossa pena.
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Mais poderosa do que a espada.
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Ponde-vos no meu lugar.
Tenho que pensar nos outros.
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Se Charenton fecha, não terão
para onde ir, nem roupa, nem comida.
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Que se lixem! Deixai-os morrer
nas ruas, como a natureza tencionou.
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Convosco entre eles?
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Se fui gentil convosco,
Marquês...
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...se vos concedi o privilégio
de passear num dia de Primavera...
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...ou vos passei uma almofada
a mais por baixo da porta...
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...se partilhei vosso vinho,
ri das vossas vulgaridades...
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...ou vos animei com argumentos...
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...condescendei agora no que digo.
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Para vosso bem, e por Charenton.
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Também sois poeta.
Devíeis comecar a escrever.
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- Dais-me a vossa palavra?
- Deveras!
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Feris-me no âmago!
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De que serve
toda a vossa reabilitacão...
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...se quando eu por fim sucumbo,
quando me vergo à justa conduta...
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...me olhais só com suspeita?
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Não tendes fé
no vosso próprio remédio?
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Quem diria...
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Em Charenton,
até as paredes têm olhos.
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Não têm?
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Então?
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Falei com ele
com razão e compaixão...
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...as armas que melhor
nos servem aqui.
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Jurou obedecer.
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É mais do que um doente, doutor.
O Marquês é meu amigo.
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Tendes companhias estranhas, abade.
Se tendes o assunto controlado...
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- Tenho.
- Então vou visitar um amigo.
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- Doutor!
- Vim buscar a minha noiva.
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Ah, sim.