:56:03
Já entendi, madame.
:56:06
Se não podeis curá-lo...
:56:08
...curá-lo a sério...
:56:12
...peço-vos, pelo menos, que prendeis
o monstro que lhe assola a alma.
:56:18
Isso não é fácil, madame.
:56:21
Estais decerto consciente
de que custa muito...
:56:25
...acomodar vosso esposo.
:56:27
Pago os encargos dele mensalmente,
mais zelosamente do que devia.
:56:30
Isso mal dá para pagar
o quarto dele...
:56:33
...não resta nem um tostão
para tratamentos adequados.
:56:38
Soporíferos
para lhe subjugar o génio.
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Freios para o disciplinar,
quando se comporta mal.
:56:45
Se pudésseis reforçar vossos rogos
com os meios para os servir...
:56:49
Não sou uma mulher abastada.
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Tendes uma pensão, não tendes?
Da venda dos livros dele?
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É dinheiro manchado, doutor.
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- Que belo pensamento, Marquesa.
- Que pensamento?
:57:02
O de que os fundos mal adquiridos,
originados pela degeneração dele...
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...podem agora conduzir
à salvacão dele.
:57:11
É mais do que perverso...
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...que a honra deva ter um preço.
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Imaginai:
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Velhos amigos dignarem-se
a beijar-vos a mão de novo.
:57:29
"Marquesa...
:57:30
É um prazer voltar a ver-vos.
:57:33
Bem-vinda da vossa longa e negra
descida ao abismo da infâmia."
:57:39
Não brinqueis comigo, doutor.
:57:43
É chegada a altura
de garantirdes vosso epitáfio.
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A benevolente Marquesa.
:57:49
A filantropa mais venerada
de Charenton...
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...ou a noiva de Satanás.
:57:59
A vossa generosidade contribuirá
para que vosso marido...