:58:13
Pensava que
gostavas disto.
:58:16
-E gosto.
-Mas não parece que gostas.
:58:20
Desculpa.
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Eu não quero que penses que não
me estou a divertir. Eu estou.
:58:25
Apenas...
:58:28
o ballet já não faz
parte da minha vida.
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Não te compreendo.
O que se passou?
:58:34
Acordas-te um dia de manhã e
decidiste deitar fora o teu talento?
:58:37
Como é que sabes que eu tenho talento?
Porque me viste fazer umas habilidades?
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Eu vi a expressão a tua
quando o fizes-te.
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A mesma que
vi esta noite...
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tolinha e feliz.
:58:48
Agora, se vais arranjar alguma
desculpa para não dançares,
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ao menos arranja
uma desculpa verdadeira.
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Pois, e se eu não
quiser dizer a verdade?
:58:57
Tudo o que quero é acordar
e ver a minha mãe denovo,
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queria voltar atrás no tempo
quando a minha vida fazia sentido.
:59:03
Mas isso não vai acontecer,
e tudo por minha culpa.
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-Tudo.
-Em que é que tens culpa?
:59:07
A minha mãe, o acidente,
o facto de estar morta.
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Ela despistou-se na auto-estrada
por minha causa...
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por causa da minha
estupida audição.
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Ela foi a correr, porque a fiz
prometer que iria à audição.
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E quando chamaram o meu nome,
fiquei chateada com ela porque...
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eu precisava que ela lá
estivesse e ela não estava.
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Ela estava a morrer enquanto eu
dançava e eu estava chateada com ela.
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E...
Desculpa.
:59:36
-Desculpa.
-Ouve.
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Ela não morreu
por tua culpa...
:59:41
nem porque ia a correr.
:59:43
Ela estava preocupada.
Ela só queria estar lá contigo.
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Por isso é que me sinto tão mal.
Ela sempre quis o meu bem.
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Eu queria ser a melhor bailarina.
Eu tinha que ser.
:59:53
E não me preocupei se ela perdesse
todo o dinheiro ou o seu tempo com isso.
:59:57
Foi a minha estupida audição e o
meu sonho estupido que a matou.