:54:00
Sim, Sr. Presidente da Câmara.
Já venho falar consigo...
:54:03
Não, está tudo controlado.
:54:06
Como estão?
:54:07
O velhote está atarantado.
Querem dar-lhe uma ajudinha?
:54:21
Não percebo como é que os médicos
nunca detectaram isto.
:54:24
O meu filho vai anualmente
ao médico desde que nasceu.
:54:27
Como é que isto pôde escapar
aos médicos?
:54:29
Pode não ter feito exames
suficientemente precisos.
:54:32
Porquê?
:54:36
Você está no regime geral
da Segurança Social, não está?
:54:38
Aí tem a sua resposta.
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O regime geral paga aos médicos
para não prescreverem exames.
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É uma forma de controlar os custos.
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Digamos que o Mike precisava
de testes mais pormenorizados,
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mas o seguro não quer pagar.
O médico não diz nada
:54:50
e pela altura do Natal,
recebe um cheque generoso.
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- É verdade?
- É possível.
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Não é provável, mas é possível.
:55:00
Quer dizer que talvez os médicos
soubessem disto
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e pudessem tê-lo tratado?
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Quem sabe? Eu sei lá, John.
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Não me leve a mal,
mas vocês são todos uns charlatães.
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- Vocês estão a especular.
- E aquela coisa que vocês fazem?
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- A coisa?
- A promessa. Como lhe chamam?
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- O Juramento de Hipócrates.
- Parece mais um juramento hipócrita.
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Como é que é, Sr. Doutor?
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"Juro solenemente cuidar
dos doentes e dos moribundos"
:55:25
"desde que tenham
um bom seguro de saúde."
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Exacto. É isso mesmo.
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Tem graça,
mas não anda longe da verdade.
:55:32
Essas merdas
estão sempre a acontecer!
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A ambulância traz
uma vítima de acidente
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e quando a contabilidade descobre
que o seguro não cobre, despacham-no!
:55:39
Os hospitais não podem recusar-se
a tratar as pessoas!
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- Isso não é ilegal?
- Claro,
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mas também é possível contornar
a lei; basta estabilizar o paciente.
:55:45
Depois disso,
sabe bem que não podem atacar-nos.
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- As coisas não são assim.
- São tal e qual assim!
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Talvez não sejam assim no 5 andar,
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mas aqui, quem não tem dinheiro,
leva um penso e um chuto no cu!
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Cale-se. Isto já foi longe demais!
:55:58
Estou farto das vossas lamúrias!